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Folha do Jalapão

“Temos uma política conduzida com responsabilidade”, diz prefeito Dotozim

Postado em 25/02/2019

Prefeito vislumbra seguimento de mandato com ações que visem a melhoria da qualidade de vida dos moradores de Novo Acordo.

Demonstrando otimismo e adotando como lema “Novo Acordo vive dias melhores”, o prefeito de Novo Acordo, Elson Lino Aguiar (MDB), concedeu entrevista ao Folha do Jalapão e ressaltou que, olhando para a cidade, hoje, vislumbra mais possibilidade de crescimento. Em seu segundo ano de governo, ele diz ter conseguido arrumar a casa e até iniciar um novo ciclo de investimentos em Novo Acordo, cidade portal de entrada para o Jalapão.
Aos 59 anos de idade, Dotorzim, como é mais conhecido na cidade, tem um histórico atuação nos espaços públicos. Já foi vereador, vice-prefeito e atualmente a população garantiu a sua atuação à frente do Executivo Municipal com 1.468 votos, o que significou 43,24% dos votos válidos nas últimas eleições municipais.
Em uma conversa em que avaliou os seus dois anos de mandato, Dotorzim, falou sobre os desafios ao assumir a gestão, os avanços que conseguiu, bem como as dificuldades em manter as contas do município em dia, tendo em vista a crise econômica e política que assolou o País nos últimos anos e afetou diretamente as finanças dos municípios brasileiros, que precisaram, conforme o prefeito, assumir uma postura enérgica e de responsabilidade para garantir a permanência dos serviços oferecidos para a população.
Confira a entrevista que o prefeito Elson Lino Aguiar concedeu ao Folha:

Folha do Jalapão: Novo Acordo hoje, é uma das principais cidades da região do Jalapão. Quais os principais avanços que a cidade recebeu nos últimos dois anos?
Dotorzim: Quando assumi a prefeitura há dois anos, Novo Acordo estava sem credibilidade, estava com dívidas, 13º atrasado, contas de água e energia atrasadas, consignados com mais de seis meses atrasados, e a gente tinha que moralizar essa situação. Nossa frota de veículos estava sucateada e ainda tínhamos o problema com o INSS. Tivemos que negociar mais de R$ 5,5 milhões. Foi praticamente tudo negociado pois não tinha como trabalhar de outra forma.
Estávamos com a inadimplência e estávamos no Cauc, o Serviço Auxiliar que presta informações quanto ao cumprimento das exigências fiscais. Negociamos as dívidas e ainda estamos pagando e o mais importante foi o que fizemos, colocamos as escolas para funcionar, disponibilizamos o transporte escolar. É difícil é. São frotas velhas. Mas conseguimos colocar para funcionar e garantir segurança para os nossos alunos.

Folha: Como a Prefeitura inicia o ano de 2019?
Dotorzim: Na nossa gestão tudo está em dia: os salários dos funcionários e fornecedores. Pagamos o 13º. Com dificuldade ou não, honramos todos os salários, mas não podemos falar de 2019 sem antes falar do ano de 2018 e vivemos um ano de sofrimento, mas cumprimos os nossos compromissos, pagando os servidores, mesmo com a folha alta.
São 212 efetivos e não tem como fazer diferente. Não tenho problemas com esse assunto. Está tudo organizado e conseguimos inclusive sair do Cauc e trazer novos investimentos por meio de emendas parlamentares como a camionete que temos hoje atendendo o município com emenda do deputado Vicente Junior.
A deputada Dulce também garantiu 200 mil para compra de carro e equipamentos para as unidades de saúde. Está tudo funcionando. Outra emenda da deputada foi para fazer uma rua, o calçamento da Vila do Holandês. Também já estamos com dinheiro em caixa para a reforma do prédio da Prefeitura, garagem municipal e praças da cidade.

Folha: Após dois anos, o que o senhor considera a principal marca de sua gestão?
Dotorzim: A marca da nossa gestão é o trabalho. Perdemos muito tempo, como nos outros municípios, pois não tínhamos condições de fazer mais. Não dá para trabalhar com os recursos que recebemos, que são as migalhas do governo federal, que, se deixa de arrecadar, também deixa de repassar para os nossos municípios.
O ICMS ecológico aqui em Novo Acordo é uma média de R$ 42 mil e São Felix recebe mais de R$ 400 mil. Dos nossos R$ 42 mil passamos tudo para o pagamento da Câmara, para garantir o repasse.
Estamos fazendo um mandato de trabalho e vamos agir para que consigamos dar uma festa no final do mandato, pois não demos no início, afinal tínhamos muito trabalho pela frente. Não tinha a mínima condição de fazer festa e o que precisávamos era trabalhar pois o município estava sucateado.

Folha: Qual é a principal novidade para Novo Acordo Neste ano de 2019?
Dotorzim: Apesar da crise, estamos otimizando os recursos que chegam e alavancando verbas federais, cobrando do estado convênios em atraso, que têm recursos também carimbados, como nas áreas de saúde e educação.
Temos muitos outros recursos que ganhamos, mas não conseguimos chegar com eles ao município ainda. Temos dois tratores de emenda do senador Vicentinho com todo o processo licitatório pronto, mas o dinheiro ainda não foi liberado pela Caixa.
Temos também, fruto de emendas parlamentares de bancada, uma retroescavadeira nova, um caminhão e um trator, que ainda não chegaram, que em 2019 o estado licita. Todas essas máquinas são licitadas pelo estado pois quando conseguimos a emenda de bancada os municípios estavam no Cauc e não tinham como receber os recursos, não era o nosso caso, mas o estado licita, conforme a necessidade de cada município e repassa.
Temos também, já licitado, a reforma do nosso ginásio. Temos muita coisa para 2019 e parece que Deus vai abrir as portas para recebermos. Sabemos que 2018 foi um ano de muita dificuldade para o país, que não teve condições de manter os recursos que precisavam chegar aos municípios, mas estamos organizando.

Folha: Após dois anos de mandato o que o senhor elegeria com principal acerto?
Dotorzim: O melhor acerto foi moralizar a casa para que quando vier outro gestor a receba organizada e não como eu recebi, pois não tinha um documento, não havia processo licitatório e até os computadores foram limpos. Hoje pode observar que a Prefeitura está moralizada e tem credibilidade. Em uma licitação muitos aparecem, pois sabem que tem compromisso.
Nós garantimos a boa conduta e isso por saber que só podemos esticar o chapéu até aonde o braço alcança. Não temos dívidas e as que temos dá para pagar rápido. Hoje estamos na contramão do desequilíbrio.

Folha: E onde acha que falhou como gestor?
Dotorzim: Nem diria que foi uma falha nossa, mas o desiquilíbrio, a crise que viveu o Estado nesses últimos 2 anos, atingiu todos nós, principalmente as pequenas prefeituras.

Folha: Há projetos novos para 2019 ou a prioridade é a conclusão do que está em andamento?
Dotorzim: No Estado, conseguimos dos deputados uma emenda que ainda não chegou, mas o deputado Cleiton Cardoso nos deu R$ 85 mil para compra de uma ambulância e estamos com fé que a emenda vai ser paga para que consigamos mais esse benefício para o nosso município.
Temos também outra emenda que foi do deputado Eduardo do Dertins para reforma de uma estrada na região da Taboca e a partir da hora em que o Estado pagar, vamos levar o benefício para a população. Da nossa arrecadação e nossa economia vamos licitar a reforma da Prefeitura e temos outra reforma da garagem municipal, dinheiro já em caixa e o projeto em produção para licitar. Todas as praças também vamos reformar.

Folha: O portal de entrada para o Jalapão está no município. De que forma o maior ponto turístico do Tocantins tem contribuído para a economia local?
Dotorzim: O nosso maior problema é esse. Novo Acordo é o portal de entrada do Jalapão. É uma cidade que deveria estar há muito tempo preparada para receber o turista e o que está acontecendo é que o turista está só passando por Novo Acordo.
Nossa população precisa se organizar. Empresários construir as pousadas, colocar restaurante, para que possa fazer o convite mais bem feito para o turista e ele parar na cidade pelo menos por um dia.
Mas nossos empresários não acordaram para isso. Já fizemos curso, palestra e o poder público tem tentado, mas sozinho não consegue e o que acontece é que os turistas estão apenas passando e deveríamos já ter melhores condições para recebe-los. Novo Acordo precisa de um processo de investimento para segurar o turista na nossa cidade e o governo federal tem que ajudar também. Temos corrido e vamos continuar correndo para mostrar a nossa potencialidade. Temos pontos turísticos muito bonitos na nossa cidade.

Folha: Uma das preocupações maiores dos cidadãos é o acesso à saúde. Quais ações pretende realizar neste ano?
Dotorzim: Dentro da possibilidade está ótima. 100% não tem como ficar, mas temos hoje quatro ambulâncias para atender a população; carro para atender somente a hemodiálise; temos um pequeno laboratório para os pequenos exames; temos médico e uma equipe multiprofissional organizada.
Estamos com três unidades de saúde divididas na zona urbana e rural. Temos uma boa equipe trabalhando e acho que se todos os municípios do estado e Brasil tivessem as condições que temos aqui, a saúde para todos estaria bem melhor. Hoje sabemos que, de média e alta complexidade temos que mandar para a referência nossa em Palmas. Temos atendido com eficiência.


Folha: Novo acordo deve receber em 2019 um total de R$ 2.838.199,68 dos recursos do Fundeb. De que forma o município deve investir este recurso?
Dotorzim: Recursos do Fundeb já vêm com uma destinação e o que estamos esperando que chegue ao município é para a reforma das nossas unidades, para darmos condições melhores aos nossos professores e alunos. Os recursos estão sendo aplicados corretamente e estamos cumprindo a obrigação com os servidores e alunos.
Hoje recebemos R$ 16 mil para transporte e se sei que é esse o valor, por exemplo, preciso garantir que o transporte seja feito, mas não dá para fazer compromisso com algo maior. Estamos fazendo tudo conforme tem que acontecer e o nosso segredo é aplicar o recurso com responsabilidade, naquilo que realmente é necessário.
Na Educação temos dado toda a assistência dentro das possibilidades, temos uma secretária competente, estamos mantendo nossas obrigações e confiantes que em 2019 as coisas melhorem.

Folha: Em relação aos 139 outros municípios de Tocantins, Novo Acordo ocupa a 68ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano, considerada mediana. Quais ações a Prefeitura tem encampado para melhorar a colocação?
Dotorzim: A primeira preocupação que tive para tentar melhorar o nosso desenvolvimento foi investir em educação, que é a base de qualquer família. Eu não tinha a mínima condição de transportar os alunos de ensino superior, por exemplo, e aí mandei fazer a reforma de um ônibus e me coloquei a disposição dos alunos que fazem faculdade em Palmas. A Prefeitura arca com 50% do combustível. O ônibus é velho, mas é organizadinho, pois a manutenção é feita diariamente e assim alunos são transportados com segurança e por um valor mais em conta. É a forma de dar a condição de estudar e depois ter vida digna para suas famílias, pois o crescimento se dá pela educação. Este é o único caminho.

Folha: Falando em política, o senhor está confiante com os novos Governos?
Dotorzim: 2019 ainda vai ser ainda com dificuldade. O governo federal com mudanças radicais para alterar o caminho do país, e tem que ser uma mudança radical para tirar do buraco. A vontade do povo é outra. Na hora que saírem as reformas vamos ver a revolta da população, mas as medidas precisam ser duras para mudar.
Não existe possibilidade pois o que arrecada não dá mais para pagar. Não podemos chegar ao patamar da Venezuela, em que a população não está tendo nem o que comer. O Estado teve que demitir muitos servidores. Prejudicou muita gente, mas pergunto: como vai administrar se não fizer isso? Teve que fazer alguma coisa e escolher ser gestor e organizar. Tem que ser assim.

Folha: Quais são as expectativas para mais estes dois anos do seu mandato?
Dotorzim: Continuar a administrar com responsabilidade. Recebi o município sem ter condições nem de transportar os pacientes para Palmas e com recursos próprios e toda a nossa economia e a ajuda das emendas parlamentares conseguimos avançar. Um dia tive a honra de pedir para Aparecida [do Rio Negro] mandar uma ambulância e mandaram. Também atendemos a eles, sem nenhuma dúvida. É um ajudando o outro, e assim vamos continuar. Ano passado nossa arrecadação foi de R$ 101 mil e com isso conseguimos cumprir com as obrigações da Saúde e Educação e aliada à nossa economia com o Fundo de Participação dos Municípios, o FPM, ainda comprar ambulâncias e hoje temos três, além do Samu. Imaginem o governo federal como tem passado, no estado passamos por cassação, tivemos coisas terríveis e mesmo assim nunca deixei de tocar a gestão. Se está difícil, temos que resolver e fazer um trabalho de qualidade. É assim que vamos continuar.

Folha: O que faria diferente se tivesse começando o seu mandato agora?
Dotorzim: Se tivesse recebido o município em condições diferentes faria muitas coisas diferentes, mas naquela época ou eu enfrentava a verdade ou entregava a prefeitura. Hoje da forma que ela está, e perceber que tem uma cadeira para sentar, pois quando assumimos não tinha. Hoje temos uma política conduzida com responsabilidade e qualquer gestor que assumir daqui para frente vai ter condições de trabalhar.

Folha: Qual foi sua maior perda?
Dotorzim: A maior perda que a gente sente, mas acredito que fazer parte de uma administração que fosse para moralizar a casa seria assim, é a questão política. A vida toda mexendo com política, fui vereador e na família também já tivemos, tinha o sonho de ser prefeito. Lutei e conquistei e quando chegamos percebi que, ou administrávamos a Prefeitura de Novo Acordo ou a gente fazia política. Na Prefeitura não tinha possibilidade de fazer política e dizem que o prefeito tem que fazer os dois ao mesmo tempo: ser político e ser gestor, só que acho que a perda maior foi a de companheiros e não tinha como fazer diferente. Tinha que ser gestor. Então nós, além de ter um número de adversários muito grande, temos uma parte de companheiros que não dá para atender, e acho que a perda maior foi a de companheiros e não tinha como fazer diferente. Decidi ser gestor de Novo Acordo e melhorar a nossa cidade, naquele momento, se abro mão de fazer uma gestão de responsabilidade, não daria para tocar a gestão. Eu não entrei para ser um prefeito ruim, infelizmente peguei um período que não foi fácil.

Folha: Quais as palavras finais?
Dotorzim: Agradecer a cada um da minha equipe – do pessoal da limpeza até meus secretários – pelo apoio, e destacar o papel essencial da minha esposa nesse processo. Parceira de todas as horas que tem me acompanhado em todos esses momentos. Muito obrigado pela confiança e cumprirei minha missão de governar com transparência, honestidade e muito – muito mesmo – trabalho. Dizer ainda à minha cidade que farei tudo que for possível para melhorar a qualidade de vida, o acesso à saúde e serviços públicos em geral, e dizer que conto com cada um de vocês nessa jornada, porque não existe governar sem ouvir o principal interessado: o povo. E pedir também a todos vocês que, diante de qualquer notícia negativa, nos procure, seja através dos secretários, que daremos um retorno. Mas não se deixe influenciar por uma oposição perversa que luta não pela massa, mas sim, por eles mesmos, pelos interesses próprios. Abraço a todos.

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