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Folha do Jalapão

17 anos de estrada. Jalapão vive descaso…

Postado em 23/05/2018

 

 

Wenina Miranda

folhadojalapao@gmail.com

Somos guerreiros! Sim, afirmo isso com todas as letras. Neste mês de maio completamos 17 anos de Folha do Jalapão. O jornal que nasceu como uma publicação local de Aparecida do Rio Negro, como o resultado de conclusão do curso de informática ministrado na época por mim, cresceu, ganhou forma e se consolida a cada ano como o principal veículo de comunicação do Jalapão, porta voz da comunidade e que ecoa as realizações dos municípios Tocantins afora.

Nem em meus maiores sonhos poderia imaginar tudo isso. Conhecemos muitas pessoas nesse período, cidades, povoados, muitas histórias de superação, de sucesso e também de sofrimento, tristezas e perdas. Reportamos os eventos, acontecimentos importantes, a história do povo jalapoeiro.

O jornal acompanha de perto a vida nos municípios, onde os cidadãos estão e, com isso, temos conhecido a dura realidade que as gestões municipais estão enfrentando, principalmente diante da ausência de políticas públicas e da própria presença do Estado na nossa região. Não se vê uma ação, um investimento, uma melhoria em nenhuma área, apenas descaso.

 

Depois de tantas promessas que nunca se tornaram realidade, o povo nem espera mais que o asfalto saia do papel, mas aguarda que o Governo do Estado faça o mínimo, que é recuperar as estradas, para que não vejamos mais casos de pessoas que falecem no trajeto até à Capital, por não conseguir socorro a tempo. Devido a situação precária, de Mateiros a Ponte Alta, são 162 km de estrada de chão que se faz em 5 horas de viagem. No momento, por falta de manutenção, só camionete traçada passa por essa estrada, nem a van que é traçada não consegue fazer o trajeto. Um absurdo, uma vergonha!

Nesses 17 anos nem temos condições de mensurar em quantos buracos caímos, quantos atoleiros enfrentamos, quantos pneus furaram, rodas empenaram, quantas avarias tivemos em veículos por causa da precariedade do acesso.

O povo do Jalapão está esquecido no tempo. A região virou locação de novela global, ganhou destaque nos televisores de todo o país, mas no “Outro lado do paraíso”, o povo mesmo não teve nenhum retorno disso, continua vivendo no descaso, sem assistência. Essa visibilidade rendeu a abertura de casas noturnas e muita violência.

A última cena que presenciamos representa bem o descaso que as administrações da região sofrem. Vimos um prefeito desesperado correndo atrás de recursos, para não presenciar a estrutura da festa religiosa da cidade ser retirada por falta de pagamento de recurso estadual, que estava empenhado.

A verdade é que a região possui muitos problemas e não soma votos. O eleitorado não passa de 10 mil, o que não justifica ou não sensibiliza os governantes a buscar soluções para os nossos problemas. E assim, a cada ano padecemos do mesmo mal: sem estradas, sem assistência em saúde e o pouco que é feito é conquista das prefeituras, que matam um leão por dia para garantir o acesso básico aos serviços, muitas vezes sem receber a contrapartida estadual.

Ao longo desses 17 anos, temos vivenciado o momento mais crítico e complicado financeiramente. Os veículos de comunicação padecem sem receber por campanhas veiculadas para o Estado, amargando prejuízos que comprometem a continuidade do trabalho.

Assim como os orçamentos familiares e municipais, os preços nas alturas também têm nos atingido. A inflação que não é apresentada pelos institutos, mas que vemos no dia a dia, a cada ida ao posto de combustíveis, com a gasolina aumentando e beirando os R$ 5 na Capital e no Jalapão já chega a R$ 5,80. O custo gráfico aumentou mais de 50% do ano passado para cá. Tivemos que fazer cortes na equipe e a cada dia fazemos malabarismos para continuar de pé, para fechar a edição a cada mês.

Ao colocar tudo na balança podemos dizer que sem garra e força de vontade não se conquista nada nessa vida. Ao completar 17 anos, o Folha do Jalapão se parece mais ainda com o povo que ele retrata, que está acostumado com a labuta, persistente e que sempre espera por dias melhores.

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