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Folha do Jalapão

Natal sem despedida

Postado em 18/04/2018

  • por Wenina Miranda –folhadojalapao@gmail.com

Para muitos, o dia 25 de dezembro é de festa. Para nós de Aparecida do Rio Negro, essa data foi marcada por uma trágica partida, perdemos Manoel Luiz Barbosa. No dia 24 de dezembro de 2017 ele celebrava com a família o nascimento do menino Jesus, acompanhado de comidas, bebidas e conversas descontraídas. Estavam todos felizes, era Natal! Uma data celebrada sempre com alegria! Quando subitamente, o pai de família, o chefe da casa, o avô, o primogênito de uma família de 10 irmãos, o secretário, o amigo do povo se levanta como se quisesse sair, fugir da alegria, se esconder da multidão e partir sozinho, porém, não deu tempo e, ali mesmo, aos olhos de todos, ele caiu e partiu. Deixando a família e todos que o conheciam sem alegria para celebrar o Natal de Jesus!

Toda vez que morre um amigo, passa na minha cabeça um filme exibindo os momentos que passamos juntos. E assim aconteceu naquela tarde do dia 24 de dezembro. Com a família reunida em minha casa, assistindo o jogo de futebol de meus irmãos, sobrinhos e filhos, observo o Raflésio Noleto levantando as mãos à cabeça. Parecia perturbado. Pergunto se aconteceu algo: “Perdi meu amigo Manoel Luiz, agora Wenina”. Olho ao lado e observo os jogadores pararem de jogar. O silêncio tomou conta do local, enquanto os meninos se abraçavam e rezaram no meio do campo. Olhando tudo isso, me perdia em perguntas sem respostas.

Um turbilhão de lembranças veio a minha mente. A última foto, o último registro feito por mim… A primeira entrevista onde ele se orgulhava de estar sentado na cadeira que pertenceu ao primeiro prefeito de Aparecida do Rio Negro José Eurico Costa (in memorian), as inúmeras vezes que o acompanhei até a zona rural, onde orgulhosamente me falava das ações que estava realizando a frente da Secretaria Municipal da Agricultura. Foi um amigo pessoal que demonstrava prazer em ter uma jornalista de sua cidade, defendendo seu povo e divulgando seus acontecimentos. Era sempre uma alegria ser entrevistado, fotografado com aqueles olhos azuis e aquele entusiasmo de quem sonha ver as coisas acontecerem. Era um homem sonhador! São muitas as lembranças, as recordações, os registros. São tantos os momentos que se via Manoel Luiz conversando com os amigos, visitando seus pais, assistindo jogo às margens do campo de futebol, ou simplesmente andando pelas ruas de nossa cidade, como um bom aparecidense. Era um filho dessa terra que se orgulhava da cidade que ele mesmo viu nascer.

Manoel Luiz foi o filho que cresceu dando sequência à carreira política que seu pai José Ribeiro começou há muito tempo. Era um homem popular, que gostava de debater opiniões, defender suas ideias e levantar sua bandeira. Sim, Manoel Luiz era vascaíno apaixonado, tinha seu lado definido, tanto politicamente como em todos os assuntos que debatia. Era católico praticante e pai de cinco filhos que na verdade não eram conhecidos pelos nomes e sim, como os “filhos de Manoel Luiz”. Teve uma esposa cuidadosa, fiel, que honrou o matrimônio até o fim. Manoel Luiz já era avô e se divertia com os netos, principalmente fazendo o que mais gostava, jogar bola ou assistir jogos onde seus filhos dão show dentro de campo.

Na verdade, com a partida de Manoel Luíz, perdemos um grande amigo, um homem lutador, um bravo pai de família, um filho apaixonado pelos pais, que nos representou com honradez há frente dos cargos públicos assumidos nessa cidade. Manoel Luiz deixa seu legado construído com trabalho e dedicação, e se torna imortal pelas nobres ações como legislador e filho ilustre dessa terra..
Aparecida viveu dias tristes….

Parentes, amigos, compadres e colegas acompanharam emocionados o adeus a Manoel Luiz. A igreja Católica ficou pequena naquela tarde do dia 25, quando todos choraram ouvindo o filho se despedir do pai, o pai se despedir do filho, os sobrinhos, os irmãos, os amigos, o compadre, enfim, foram momentos de pura emoção a despedida de nosso conterrâneo Manoel Luiz.

Em meio à multidão, a família foi amparada pelos amigos. A dor que não cabia no peito dos parentes que atentamente não saíam do lado do caixão, desejando que aquele fato fosse irreal, foi também sentida pelo povo de Aparecida. E o cortejo com o caixão de Manoel Luiz sendo carregado pelos filhos e pelo seu pai não sairá de nossas lembranças, e seguiu pelas ruas de Aparecida escoltado por centenas de pessoas que choraram em silêncio a dor da despedida.

A vida é assim, basta um sopro, e a chama se apaga. Sem hora, minuto ou tempo certo. A gente acaba indo, sequer sem uma despedida. Partimos sem dar explicações plausíveis.

Pensar em partir aumenta em mim o querer estar em paz enquanto eu estiver por aqui. Desperta o desejo de dias mais leves, com menos reclamações, menos brigas. A família se torna alicerce, e o justo me parece o caminho mais correto a seguir.

As palavras parecem ser poucas para as tantas coisas que precisam ser ditas. À família, meus sinceros sentimentos, pedindo a Deus que lhes concedam a força necessária para essa nova caminhada.

Dedico esse editorial a esse filho ilustre de nossa cidade, na certeza que confortará a tristeza da família e a saudade dos amigos.
Manoel Luiz fica sempre um pouco de perfume das mãos que oferecem rosas! Que Deus te dê o descanso merecido!

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