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Folha do Jalapão

APARECIDA DO RIO NEGRO: Morre, aos 80 anos, Maria da Glória Santana

Postado em 04/06/2020

É com profundo pesar que informamos o falecimento da dona Maria da Glória Santana.

Ao mesmo tempo prestamos condolências aos familiares e amigos enlutados pela perda irreparável ocorrida nesta quinta-feira, 04 de junho. Humildade e Coragem representam “dona Glória”

Mulher solidária e amiga, seu legado trará boas lembranças para todos de Aparecida do Rio Negro, Grupo É Preciso saber Viver, amigos e familiares estão em luto.

Hoje o Jornal Folha do Jalapão está de luto também, pois se despede dessa que foi a sua amiga, para nossa equipe, dona Glória sempre foi modelo de força, determinação e honradez. Fica o seu legado dona Glória, fica o seu exemplo!

Segue na integra nossa última matéria com dona Glória

PIONEIRAS – Mulheres de Aparecida: simples, mas fortes em sua essência

A doçura e simplicidade no olhar de quem viu a cidade nascer. Dessa forma que as pioneiras do município Glória, Madalena, Pedra, Luzia, Joana, Dude e Nati relatam a história de suas vidas, que se confunde com a própria trajetória da cidade.

CORAGEM, FÉ e muita DEDICAÇÃO são algumas das características mais fortes presentes na trajetória das pioneiras do município de Aparecida do Rio Negro, que dedicaram boa parte de suas vidas na construção do que hoje tem se tornado o município. Essas mulheres SIMPLES, mas FORTES em suas ESSÊNCIAS, desbravaram o sertão com garra e, cada uma ao seu modo, marcou a história da cidade.

Aqui apresentamos um pouco mais do legado de Maria da Glória, Maria Madalena, Pedra Pereira, Luzia Maciel, Joana Lino, Maria de Jesus, mais conhecida como Dude, Maria da Natividade, ou dona Nati. Cada uma, do seu modo, com suas peculiaridades, revelam em seus olhos, nas mãos calejadas e nos sinais de expressão o amor por Aparecida, relembrando fatos que marcaram suas vidas, como boas lembranças e também as perdas e dificuldades.

Nesta matéria especial, pretendemos valorizar a cultura local e resgatar as memórias das pioneiras, para não deixar que a história de lutas e vitórias, que marca o desenvolvimento do município, caia no esquecimento.

Humildade e Coragem representam “dona Glória”


As marcas de expressão da idade não tiraram dela a beleza da mulher que luta e trabalha, e que por uma vida inteira se dedicou à família. O trabalho do lar a fortaleceu e deu dignidade. Dona Maria da Glória Santana, de 80 anos, nasceu na Bahia, às margens do Rio Arrojado, no município de Correntinha.

A seca gerou dificuldades para a família de dona Glória e foi um dos grandes obstáculos para a sobrevivência na Bahia. “A gente tinha que buscar água longe, com o balde na cabeça”, relembra Glória.

Ainda na Bahia se casou aos 16 anos com seu Pedro Nelson Santana, e teve os seus 13 filhos, sendo que um viveu apenas seis meses.

Em 1976 resolveram deixar a terra seca e buscar melhorias no norte Goiano. “Então, meu marido conheceu esta terra, comprou fazenda aqui e eu o acompanhei. Vim com todos os filhos pra cá em 1976. Aqui não tinha nada, era só fazenda. Quando chegamos, quem ajudou a construir nossa cidade foram as irmãs, principalmente a Irmã Terezinha e Irmã Irene. Aqui não tinha água encanada. Então elas mandaram instalar uma torneira ali onde era a antiga prefeitura, onde tinha um salão que era a igreja. Nessa torneira não faltava gente, o povo ficava ao redor vendo aquilo e buscando a água”, conta a pioneira, relembrando o passado que vivenciou em Aparecida.

Hoje, para ela, as coisas são mais fáceis. “Nem se compara com o que já passamos aqui. Tenho certeza que de alguma forma, por meio da minha família, contribuímos para o desenvolvimento dessa cidade”, afirmou.

Os 64 anos de casamento são a base da família que até hoje se reúne para as comemorações. “O segredo é ter paciência, ter fé, caminhar juntos. As coisas mudaram, mas o que fica é o amor, e até hoje a determinação para ver os netos crescidos e formados”, ressaltou.

Com o ofício de costureira, por muito tempo as costuras para fora ajudaram no sustento dos filhos. Hoje ela ainda se dedica à função, mas só para casa e quando consegue manusear a máquina, que até hoje é manual.

Mulher de fé: esse é o principal adjetivo de dona Glória. A vivência na Igreja católica é o seu ponto de apoio. “Fui ministra da Eucaristia por 16 anos, e tenho muitas saudades. Hoje já não posso mais ser ministra por causa do problema da tremura nas mãos, mas mesmo assim vou todo domingo, e todo dia de manhã faço a minha caminhada e faço as orações.

Histórias de amor pelas tradições cristãs fazem parte da vida da pioneira, que também gosta muito de participar do Grupo de Idosos “É Preciso Saber Viver!”. “Eu acho muito bom, participo das coisas, dos encontros, das festas, de dançar. Pra mim enquanto eu puder, eu vou participar”, reforçou.

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