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Folha do Jalapão

APARECIDA DO RIO NEGRO: Paróquia cancela festas de Nossa Senhora Aparecida por causa de pandemia

Postado em 09/07/2020

Ao longo de mais de 40 anos, os festejos de Nossa Senhora Aparecida se tornaram uma tradição no mês de julho em Aparecida, e pela primeira vez não será realizado. Neste ano, a Paróquia realizará somente momentos religiosos, respeitando as normas de segurança sanitária.

Após muitos anos de tradição, 2020 será o primeiro ano que a festa da padroeira do Município foi suspensa em função do distanciamento social, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como forma mais eficaz de reduzir a transmissão do novo coronavírus. O evento já conta com mais de 40 edições. A Paróquia Nossa Senhora Aparecida realizará alguns momentos religiosos na data em que aconteceria o festejo.

Uma tradição é algo que uma comunidade adota como ponto crucial de uma cultura. A Fé é um destes pontos, que comumente reúne pessoas em torno de uma crença. O mastro, missas, leilões e festividades são algumas das representatividades de uma forte tradição em Aparecida do Rio Negro: os festejos de Nossa Senhora Aparecida.

A festividade da padroeira da Cidade, realizada de forma diferenciada em julho (fora da data em que se comemora a Santa) sempre foi um marco na Cidade, onde os fiéis se reúnem para celebrar a fé, a confraternização entre as famílias e a religiosidade do povo.

Padre Geraldo Silva, pároco da Cidade, fala da importância da tradição e da dedicação de todos em prol da festa. “Nosso festejo já acontece há muitas décadas, uma tradição muito forte em nossa cidade, que fortalece a fé, traz entretenimento, diversão para o nosso povo e ainda aquece muito a economia da cidade. Esse ano será somente a parte religiosa, mas não podemos deixar de fazê-lo e continuar fortalecendo essa tradição. Agradecemos a todos os cidadãos de Aparecida, visitantes e nossas autoridades do poder público que contribuíram até aqui com essa grande festa e pedimos que continuem participando,  doando sua prenda, sua presença e prestigio. Esse ano vamos elevar nossas orações para que Deus tenha misericórdia de nós diante dessa triste pandemia; será um momento especial de fé, tradição e alegria”, enfatiza.

Tradição de mais de 40 anos

A data não é precisa, mas os festejos de julho em Aparecida remontam da década de 1960, ainda quando o Município era somente povoado. Apesar de Nossa Senhora Aparecida ser comemorada em outubro a idéia de realizar a festa em julho veio por que o mês é de férias. “As primeiras festas em julho aconteceram porque as pessoas que moram fora poderiam vir e participar, e isso ficou até hoje”, conta o ‘gritador’ dos leilões Paulo Percílio, que há 39 anos é morador do Município e participante da festa.

A tradição se perpetuou, e hoje muitas famílias que moram em outras localidades se preparam o ano inteiro para visitar a cidade natal em julho e participar dos festejos.

Os capitães do mastro são sempre os responsáveis por organizar a festa e os leilões na barraca da igreja. A cada ano os capitães repassam o cargo para outras pessoas. Em alguns anos anteriores, a festa já chegou a contar com dez dias. Apesar do trabalho árduo, os momentos são lembrados com alegria e saudade por quem já participou.

A grande beleza dos festejos de Aparecida está na reunião amigável e familiar em torno do evento. As famílias se reúnem primeiro na igreja para as missas em homenagem à padroeira, onde muitos fiéis fazem ou cumprem as promessas. Depois, o encontro é sempre na barraca da igreja ou nas barracas expostas ao longo da Praça José Eurico Costa.

Neste ano será diferente

Apesar de a pandemia distanciar fisicamente as pessoas, a fé as reúne por meios tecnológicos. Neste ano, conforme divulgou a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, o evento será diferente. A programação contará com missas, sendo duas missas presenciais: a de abertura, dia 15, e a de encerramento, dia 19, as demais serão online.

Padre Geraldo reiterou ainda que todas as normas sanitárias serão respeitadas. “Estamos vivendo um tempo muito difícil, de muita dor e sofrimento para humanidade, que requer de nós muita responsabilidade pela vida. Com essa iniciativa de suspender a parte social dos festejos a Igreja está protegendo o nosso povo, pra que possamos vencer essa pandemia, em parceria com todos os organismos governamentais, instituições e profissionais da área da saúde”, disse ele, que frisou ainda a necessidade da colaboração de todos os devotos. “Vamos continuar observando as orientações médico-sanitário e pedindo a proteção de Deus para que tenhamos dias melhores, será um festejo de muita oração. Para as missas presenciais será obrigatório o uso do álcool em gel, de máscaras e o distanciamento necessário. No espaço da Igreja os bancos serão reduzidos, distanciados e sinalizados. Quanto ao grupo de risco, recomendo a ficar em casa”, comentou.

Prefeitura lamenta o cancelamento

O prefeito Deusimar Amorim é um dos participantes assíduos da festa, e lamentou o cancelamento do evento, mas reitera que a necessidade maior é a proteção da saúde dos aparecidenses. “Todos nós, aparecidense, as pessoas que visitam também nessa época de julho para o festejo, lamentamos profundamente, a não realização nos moldes que era feito todos os anos. Agora, infelizmente não depende da nossa vontade. Essa crise da saúde é mundial, é no Brasil e no Tocantins, em Aparecida do Rio Negro. Mas é muito melhor a gente preservar as vidas das pessoas do que realizar os eventos”, salienta o gestor.

A estrutura da festividade, bem como a realização de shows sempre foi de responsabilidade da Prefeitura Municipal, que faz questão de apoiar a cultura e a religiosidade do povo aparecidense. Além disso, o evento atrai grande público e fomenta a economia do Município. “Todos os anos a Prefeitura tem sido um grande parceiro da realização desse festejo. Agora, no que depender da gente, como sempre, nós estamos à disposição e vamos tentar da melhor maneira possível, já que os recursos estão escassos devido a essa crise. Esperamos que nos anos seguintes o festejo volte a acontecer para a alegria de todos os aparecidense”, conclui o prefeito Deusimar.

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