Cinco décadas de amor: a história de Júlio e Vera Mokfa

por Wenina — 18/09/2025 às 14:03 — em Destaques, Geral

Com fé, companheirismo e carinho, o casal construiu uma história que inspira gerações: 50 anos de casamento celebrado, com emoção, família reunida e um testemunho de amor que atravessa o tempo

Há histórias de amor que resistem ao tempo. Que florescem nas dificuldades, se fortalecem com a fé e atravessam décadas com o mesmo brilho do primeiro olhar. Assim é a união de Júlio e Vera Mokfa, que no dia 8 de março celebraram 50 anos de caminhada juntos, com uma vida inteira de mãos dadas, lado a lado, em cada passo.

A celebração das bodas de ouro ocorreu em Mateiros, no coração do Jalapão, em uma cerimônia marcada pela emoção e pela presença da família, conduzida com bênçãos pelo bispo Dom Felipe. Foi mais do que uma comemoração — foi um testemunho de amor verdadeiro.

História

Tudo começou em 6 de março de 1975, em Carazinho, no Rio Grande do Sul, onde os dois disseram “sim” diante da lei. Hoje, meio século depois, continuam dizendo “sim” todos os dias — um ao outro, à família que construíram, e à vida que escolheram viver juntos.

No altar da igreja católica de Mateiros, acompanhados por filhos, noras e netos, dona Vera levou consigo um balãozinho em forma de coração, como símbolo de amor e memória ao neto Leozinho, que já não está presente fisicamente, mas vive no coração de todos.

Após a emocionante cerimônia na igreja de Mateiros, a comemoração das bodas de ouro seguiu na casa do casal, onde amigos e familiares foram recebidos com a mesma generosidade que sempre marcou a vida de Júlio e Vera. Em uma mesa farta, preparada com carinho e dedicação, compartilharam risos, histórias e a alegria de celebrar meio século de amor.

A força de uma vida a dois

Com os olhos brilhando de emoção e um sorriso sereno no rosto, seu Júlio fala com o coração. “Cinquenta anos de casado não são cinquenta dias. É uma vida inteira. Tivemos momentos bons, momentos difíceis, passamos por lutas grandes… mas vencemos. Já fomos bem de vida, quase ricos. Mas a vida virou. Perdemos tudo. Chegamos a morar debaixo de barraco, de lona. Ficamos com uma mão na frente e outra atrás. Mesmo assim, seguimos juntos”.

A história do casal é marcada por superações e recomeços. Um dos mais importantes aconteceu quando chegaram à cidade de Mateiros. “Fomos muito bem recebidos pelos mateirenses. Aqui construímos nossa vida de novo. Temos nosso cantinho, nossos filhos, nossos netos que já nasceram aqui. Uma de nossas noras também é daqui. Aqui é o nosso lar”, conta.

Com um sorriso que mistura orgulho e ternura, seu Júlio continua.  “Casamos… no começo tudo é maravilha. Depois vem a vida de verdade, com suas dificuldades. Mas graças a Deus, eu e dona Vera sempre nos demos muito bem. Problemas, todo casal tem. Mas a gente sempre superou. São 50 anos de companheirismo, de respeito, de amizade. Dona Vera é minha amiga, com certeza, na tristeza e na alegria. Tivemos muitas dificuldades… mas vencemos”.

Dona Vera: força serena, fé inabalável e amor que sustenta gerações

Enquanto as lembranças vêm à tona, dona Vera respira fundo e deixa escapar um sorriso carregado de emoção. “Hoje passa um filme na cabeça da gente… de tudo que a gente viveu, de cada batalha que enfrentamos juntos. Sempre fui firme. Nunca tive medo de lutar ao lado dele. Saímos de uma mansão para morar num barraco, mas fomos de cabeça erguida. Comigo não tem dia ruim. O Júlio sempre foi meu companheiro. Mesmo nas dificuldades, caminhamos lado a lado. E foi assim que ensinamos nossos filhos: que o amor vem acima de tudo”.

A voz embarga ao falar da família que construíram com tanto carinho. “Tivemos três filhos, nossa maior bênção. Cada um seguiu seu caminho, formou sua família, e todos nos enchem de orgulho. Amamos nossas noras. Cada uma tem seu jeitinho especial, e todas são importantes para nós”.

Dona Vera faz uma pausa, o olhar se perde por um instante, e o coração fala mais alto. “O Evandro nos deu dois netos, que são nosso amor. O Leozinho… ah, o Leozinho já não está mais aqui com a gente de corpo, mas sua alma está sempre presente. E a nossa Emilly, a gente ama de paixão”.

Em seguida, ela fala com ternura sobre o segundo filho. “O Fernando nos deu o Alisson, nosso homenzinho, um orgulho. Sempre responsável, trabalhador, cuidando do seu futuro com dignidade”.

E então vem o caçula. O tom muda, fica mais próximo, quase como um abraço. “O Thiago… ah, o meu caçula. Ele é especial. Está com a gente todos os dias, construindo o nosso presente, nosso futuro. Cuidando da gente com tanto carinho. Ele nos deu duas netas maravilhosas — a Laylla e a Lavinha — que foram criadas com a gente, e são como dois raios de sol em nossas vidas”.

Lembrança que ainda dói

Apesar do tempo que passou, a lembrança de Leozinho continua presente em cada canto da casa e em cada conversa da família. Dona Vera diz que não há um dia em que não pense nele. “Era um menino cheio de luz, trazia alegria pra todo mundo. Quando ele se foi, levou um pedaço da gente junto“, conta, com os olhos marejados. A dor da ausência se mistura ao carinho da memória, e é nesse espaço delicado que ela encontra forças para seguir em frente.

Um amor que é para sempre: “Eu não sei viver sem ele”

Ao perguntar a dona Vera qual o segredo de amar o mesmo homem por 50 anos, ela não hesita. A resposta vem com a força de quem viveu cada dia com entrega e sinceridade.

Júlio é tudo na minha vida. Eu não sou nada sem ele. Nada, nada… nem por um minuto. Sempre peço a Deus — e até perdão aos meus filhos — porque eu digo: quando Deus nos levar, que leve nós dois juntos. Um não sabe viver sem o outro. Eu não quero deixar ele para ninguém cuidar. Só eu sei cuidar do Júlio. A gente não sabe viver se não souber da vida um do outro”.

Com a sabedoria de quem ama com verdade, ela conclui. “O Júlio é um homem fiel. Nunca me deu preocupação. E eu tenho certeza que eu sou a mulher da vida dele”, conta.

Dona Vera é uma mulher de fé. Católica devota de Nossa Senhora Aparecida, ela não hesita ao afirmar. “Minha rainha é Nossa Senhora. Tudo o que a gente tem é dela. Todos os dias eu falo para ela: ‘Cuida do que é teu, minha santa, porque eu sou só a administradora”.

Quando tudo começou

Com um sorriso cheio de lembranças, dona Vera conta como a história de amor entre ela e Júlio teve início ainda na adolescência, com encontros simples, mas cheios de significado. “O Júlio ia buscar a namorada dele para passear… e me levava junto. Eu sentava no banco de trás, quietinha, e ele ficava me olhando pelo retrovisor”, recorda, rindo da cena que hoje virou uma doce memória.

O destino tratou de unir os dois de forma definitiva. “Ele terminou com a namorada e a gente começou a namorar. Morávamos na mesma rua, foi ali que tudo começou…”, completa, com o olhar distante, como quem revê o passado com ternura.

Um começo cheio de aprendizados

Júlio começou a trabalhar cedo, ainda nas lavouras, enquanto Vera teve uma criação bem diferente. “Ela foi criada como uma princesa”, diz ele, com um sorriso afetuoso no rosto.

Quando nos casamos, eu tinha 21 anos. Já sabia fazer de tudo nesta vida… ela, coitadinha, não sabia nem cozinhar. Tive que ensinar tudo para ela. Minha mãe também ajudou bastante, deu uma mãozinha e ensinou a preparar vários pratos”, conta, com um olhar cheio de orgulho.

Apesar da falta de prática na cozinha, dona Vera compensava com zelo e dedicação. “Cuidar da casa ela sempre fez muito bem. Sempre foi muito cuidadosa, caprichosa com tudo”, acrescenta. E não foram só as tarefas do dia a dia que ela conquistou, mas o coração da sogra também. Vera, como primeira nora da mamãe, foi muito amada”, completa Júlio, com a voz embargada de saudade e carinho.

A história de Júlio e Vera Mokfa não é apenas um relato de amor; é uma lição viva de resistência, fé e companheirismo. Em um mundo onde tantas relações se desfazem diante das primeiras dificuldades, eles provam que o verdadeiro amor é construído no dia a dia, com paciência, respeito e doação.

Cinquenta anos depois do “sim”, eles continuam se escolhendo — não por obrigação, mas por amor. Um amor que acolhe, que ensina, que sobrevive às perdas e floresce nas pequenas alegrias da vida em família. Um amor que inspira.

E assim, de mãos dadas, como sempre estiveram, Júlio e Vera seguem sua caminhada. Não apenas como marido e mulher, mas como testemunhas de que o amor, quando é verdadeiro, não tem prazo de validade, ele apenas amadurece com o tempo.

Um almoço cheio de histórias

Nossa equipe teve a honra de ser recebida para um almoço na casa de seu Júlio e dona Vera. Um momento simples, mas carregado de significado. Sentados à mesa, cercados por memórias e sorrisos, pude ver de perto o amor que construíram em meio aos desafios da vida. Enquanto me mostravam as fotos, eles contavam histórias marcantes com os olhos brilhando, ficou ainda mais claro que esse casal carrega uma trajetória que emociona e inspira.

Não é de hoje que aprendemos a gostar de Júlio e Vera. A cada reencontro, o carinho só aumenta. Conhecer de perto essa história de fé, luta e amor verdadeiro é um privilégio e uma lembrança viva de que os laços construídos com verdade são os que realmente permanecem.

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