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Folha do Jalapão

De Meira Matos a Aparecida do Rio Negro

Postado em 23/04/2020

Aparecida/especial – 31 anos

por Wenina Miranda –


Ao completar 31 anos, o município de Aparecida do Rio Negro tem avançado e seu crescimento contou com a colaboração de diversas pessoas, como pioneiros e políticos que comandaram o município desde a sua emancipação, em 1989. Estaremos a partir de agora publicando matérias especiais sobre o município. Começamos com os ex-gestores municipais relatando as dificuldades, conquistas e os avanços que o município tem experimentado ao longo dos anos.
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(Material produzido em junho de 2018)

O povoado pequeno se transformou em uma cidade com grande potencial. Sua trajetória possui grande colaboração do primeiro prefeito, José Eurico Costa

A história de Aparecida do Rio Negro se funde à história de vida de seus pioneiros, de pessoas que escolheram o local para se estabelecerem e fincarem raízes. Um desses personagens é José Eurico Costa, primeiro prefeito eleito de Aparecida do Rio Negro, mas que chegou ao local quando ainda era povoado Meira Matos, do município de Tocantínia.

Casado com dona Valdivina de Sousa Costa, chegaram ao povoado em 1969, logo após se casarem. Em Meira Matos, estabeleceram o armazém São José, único comércio local, que vendia de tudo, de alimentos a roupas, calçados entre outros utensílios.


Maranhense de Riachão e dona Valdivina de Itapirapuã, no Goiás, foram casados por 20 anos e formaram uma família com nove filhos, sendo sete mulheres e dois homens. Dona Valdivina lembra como era o povoado quando chegaram, “havia umas 14 casas, uma igreja improvisada e escola onde tinha até a terceira série”, recordou.


O gosto pelas pessoas e pela boa conversa nasceu na convivência em seu comércio. “Todo mundo era compadre. Haviam poucas pessoas ainda, as duas famílias maiores eram os Lino e os Barbosa. Ele era muito querido por todo mundo”, afirmou Valdivina.


O gosto pelas pessoas e pela boa conversa nasceu na convivência em seu comércio. “Todo mundo era compadre. Haviam poucas pessoas ainda, as duas famílias maiores eram os Lino e os Barbosa. Ele era muito querido por todo mundo”, afirmou Valdivina.

Compromisso


Dona Valdivina lembra que José Eurico não gostava de política, mas sim de ajudar as pessoas. Pensando em ajudar Meira Matos, ele aceitou ser candidato a vice-prefeito na chapa com Raimundo Arruda Bucar, popular Xuxu Bucar, quando foram eleitos para o mandato de 1978 a 1982 em Tocantínia. “Ele não gostou de ser vice-prefeito, ficou desanimado, disse que não sabia de nada, que não podia fazer nada e a ideia dele de ser vice era para ajudar Meira Matos que era povoado de Tocantínia”, frisou.


José Eurico ainda concorreu à prefeitura de Tocantínia, quando perdeu por dois votos para Valdemir Alves Campelo, popular Mucuim, no ano de 1982. “Logo depois que ele perdeu, Meira Matos foi emancipado passando a ser Aparecida do Rio Negro. Disse pra ele que Deus tava abençoando ele, que não era pra ele ser prefeito de Tocantínia, mas de Aparecida”, destacou lembrando que Aparecida foi criada em 1987.


O sonho de ser prefeito no local onde escolheu para viver durou pouco: apenas 10 meses. José Eurico foi empossado em junho de 1989 e faleceu em 06 de abril de 1990. Foi eleito pelo então Partido Democrático Social (extinto em 1993) com mais de 90% dos votos. Na época disputou com Milton Fonseca Barros e seu vice foi José Martins.

Acidente


“Na época estávamos voltando de Novo Acordo, comemorando a emancipação de lá. Na travessia do Rio Balsas, na volta para Aparecida, José Eurico subiu com a camionete na balsa e passou direto, afundando no rio”, conta dona Valdivina que estava no veículo e conseguiu escapar da morte. “Consegui sair do carro, mas ele foi encontrado só três dias depois”, relembrou.


A morte de José Eurico foi um momento de dor e comoção em toda a cidade. “Foi muito triste, toda a cidade parou. Ele era muito querido, foi um choque para todos nós. Na época Zezinho não queria assumir devido as consequências do acidente, conversamos muito e ele entendeu que tinha que continuar pelo bem do povo”, frisou.

Lembranças


Ao relembrar os primeiros meses de gestão de José Eurico, dona Valdivina destaca as muitas dificuldades enfrentadas. “Eram muitas, ninguem sabia ao certo como era a organização da cidade. Era a primeira vez de todos ali, tanto de José Eurico quanto dos vereadores, não tinha a legislação ainda”, frisou.


A primeira obra do gestor foi feita antes mesmo de José Eurico tomar posse. Dona Valdivina lembra que ele construiu a sede da prefeitura ao lado da Igreja Católica da cidade e também iniciou a construção da praça que hoje tem o seu nome. “Foi a primeira coisa que ele fez, até mesmo por que não tinha lugar para ele tomar posse. Então ele organizou com o dinheiro dele mesmo as salas, copa, tudo para começar os trabalhos da prefeitura em Aparecida”, disse.


Mesmo com apenas 10 meses de mandato, José Eurico ainda iniciou a construção da praça em volta da Igreja Católica, construção da cadeia pública e pontes que facilitaram a vida dos moradores da cidade.

“Se ao menos 5% dos prefeitos do Tocantins fossem como José Eurico o estado estaria muito melhor”.

Amor e dedicação


Ao relembrar de José Eurico, Valdivina faz questão de lembrar sua dedicação para com o povo de Aparecida. “Ele era o pai do povo, amigo, delegado, ele resolvia tudo. Em 20 anos de casados não lembro de nenhuma vez ter tomado café, almoçado ou jantado só com ele, sempre havia muita gente por perto mesmo quando ele nem era prefeito ainda. Sempre foi muito querido pelo povo, fazia de tudo, eu dizia que ele gostava mais do povo de Meira Matos do que de mim”, relembrou sorrindo.


Para a viúva do ex-gestor, sua principal contribuição deixada para a cidade foi o seu cuidado. “Aparecida foi escolhida como sua cidade natal, ele amava esse lugar, o seu povo. Acho que esse zelo, cuidado com a população foi a maior contribuição que ele deixou. Ele fazia de tudo, carregava doentes, hospedava todo mundo em casa, meus filhos até se acostumavam com o movimento, sempre sabiam que o quarto deles seria ocupado. E o povo soube retribuir, faziam tudo o que ele pedia, sempre estavam dispostos a colaborar”, afirmou.

“Se ele pudesse voltar faria uma grande festa. Sentimos
saudades, sentimos falta”.


Ao olhar para trás, Valdivina ressaltou que a integridade e o caráter de José Eurico foram marcas em sua trajetória. “Se ao menos 5% dos prefeitos do Tocantins fossem como ele o estado estaria muito melhor. Ele foi muito dedicado, compreensivo, sempre com atenção aos mais humildes. Até hoje ele é lembrado em Aparecida, ele marcou a história da cidade”, frisou.


Valdivina ainda destacou que a paixão de José Eurico em ser gestor poderia tê-lo levado muito longe. “Com certeza se ele não tivesse morrido teria continuado na política, teria sido prefeito em outros mandatos, deputado ou sabe se lá o que mais poderia ter alcançado”, frisou.


Ao acompanhar o crescimento de Aparecida do Rio Negro, dona Valdivina imagina o que José Eurico teria a dizer. “Ele ia cobrar muito, mas também elogiar, parabenizar alguns por seus feitos, pois ninguém é só bom ou só ruim. Se ele pudesse voltar faria uma grande festa. Sentimos saudades, sentimos falta, mas também é gratificante ver o legado que ele deixou, como ele é querido até hoje em Aparecida”, finalizou.

(O jornal Folha do Jalapão está republicando a história de contribuição que cada ex-prefeito e o atual prefeito fez para sua gente aparecidense, em nenhum momento, estamos tentando promover um cidadão de Aparecida. Histórias vividas e contadas ).

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