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Folha do Jalapão

Dona Maria Baiana: 112 anos e uma história de luta

Postado em 24/07/2020

ESPECIAL: por Nayla Oliveira

Com o rosto marcado pela passagem do tempo, de origem simples, dona Maria Baiana que trabalhou a vida toda como agricultora é uma das moradoras mais velhas de Aparecida do Rio Negro. Em seus 112 anos a roça foi o único exercício praticado em mais de um século de caminhada.  

Beleza, calma e paz. São características que estão presentes no semblante de dona Maria Alves Duarte, a Maria Baiana, assim como é conhecidaA moradora centenária do Município de Aparecida do Rio Negro é exemplo de uma vida inteira de muitas lutas, e de quem já viu e passou por muita história. A pele enrugada e os cabelos brancos são sinais aparentes de quem já viu, ouviu e viveu inúmeros acontecimentos até completar 112 anos.

Dona Maria Baiana, nasceu no dia 10 de julho de 1908, e neste mês ganhou uma linda comemoração dos seus 112 anos de idade. O legado que deixou é grande: três filhos, sete netos, 20 bisnetos, e sete tataranetos.

Um privilégio reservado a poucas pessoas que passam por este mundo, desta forma, os familiares de dona Maria Baiana comemoraram no último 10 de julho os 112 anos de vida da idosa. A pequena festa foi realizada de forma simples para se precaver do coronavírus, alguns familiares estiveram com ela, comemorando a data especial: os bisnetos Elineide, Elinara, Geovana, Eduarda, João Marcos, Daniel, e a neta Rosa.

Na data, que teve direito a bolo e roupa especial, dona Maria Baiana esteve fazendo o que mais gosta: estar ao lado dos netos. A centenária recebeu o carinho da família e dos amigos.

Trajetória

Na trajetória de seus 112 anos, dona Maria nasceu na Bahia, mas passou pelo Maranhão e só depois se situou em Aparecida, onde já está há mais de 50 anos. Aqui ela encontrou familiares, e trabalhava na roça como ela mesma conta. Apesar da idade, está firme e forte. A memória é boa e ela faz questão de voltar no tempo e recordar. “Trabalhava muito na roça, plantando e apanhando arroz”, conta ela.

Mãezinha, como é chamada pelos netos, foi exemplo de fé em Aparecida, era uma das mais fiéis rezadeiras de terços, e até hoje recebe a eucaristia do ministro da igreja que sempre a visita. “Gosto de rezar, ia para igreja, agora o padre vem aqui”, conta. Ela gosta de estar com a família reunida, gosta das pessoas, apesar de já ter sofrido um bocado de situações vexatórias na vida.

Tranqüilidade

A tranqüilidade no olhar fala mais que muitas palavras de dona Maria. Hoje a idosa vive e descansa aos cuidados da filha Eva Alves dos Santos, de 64 anos. “Me sinto orgulhosa, gosto de cuidar dela, é a minha vida cuidar dela”, disse a filha, que também é idosa, e passa os dias confeccionando tapetes e cuidando da mãe. Segundo ela, a alegria de dona Maria é estar ao lado dos netos. “Ela dorme com eles e sempre fica triste quando eles vão embora”, diz dona Eva.

Quem também ajuda nos cuidados é a bisneta Laís dos Santos, de 11 anos. “Ajudo a cuidar, com a comida, porque amo muito ela, durmo com ela todo dia”, diz a pequena.

Dona Maria conta também com os cuidados de seu Antônio Martins. O amigo da família a visita todos os dias. “Gosto de ajudar as pessoas. Assim que cheguei aqui na Cidade me aproximei da família e hoje sou praticamente da família. Sempre que precisam levo para viagens e com todo o cuidado”, comenta o seu Antônio.

As idas ao médico são raras, apesar de sempre receber visitas da equipe de saúde. De acordo com a idosa, a receita para viver com qualidade de vida é se alimentar bem e nunca deixar de conversar e conviver. Além disso, a boa convivência, cultivar relações sociais e familiares. Se depender da saúde de dona Maria, além do bom humor ao falar da idade, serão ainda muitos anos de vivencia com a família.

A mulher de 112 anos é um marco em Aparecida, ou até em todo o Estado. Sua trajetória ensina amigos, familiares e conhecidos um dos pressupostos para bem viver.

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