Tocantins - 18/10/2024 - 03:23

Folha do Jalapão

MATEIROS: Moradores do Mumbuca participam de projeto que busca preservar conhecimentos medicinais ancestrais

Postado em 15/10/2024

Os anciãos da comunidade participaram de um questionário comparativo que vai se tornar livro, além de receberem atendimentos médicos, prescrições de receitas e de pedidos de exames

A Comunidade Quilombola do Mumbuca, em Mateiros, recebeu uma importante ação nesta sexta-feira, 11, realizada pela Universidade Federal do Tocantins, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Associação dos Quilombolas do Mumbuca. Na Unidade Básica de Saúde Laurentina Ribeiro Matos, médicos residentes, médicos infectologistas, enfermeiro e acadêmicos de medicina do 7º período da UFT ofertaram atendimentos como consultas de rotina, prescrição de medicamentos e solicitação de exames.

A iniciativa faz parte de um projeto submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapto), em que os próprios anciãos da comunidade serão autores de um livro em que a cultura medicinal natural é preservada. Conforme o enfermeiro da Unidade, Matheus Parreira, a ação uniu a necessidade da população local e dos estudantes de medicina.

“O motivo da ação principalmente foi evidenciar através de questionários, acompanhamentos à divergência de infecções de maneira geral como respiratórias, bacterianas, pele e hanseníase na zona rural em comparação com a grande capital”, explicou.

A ação foi voltada especialmente para pessoas acima de 50 anos de idade. No total, 30 pacientes foram atendidos. Também foram realizadas campanhas de divulgação e conscientização na comunidade Mumbuca e região.

Parceria

Conforme o professor da UFT, Raphael Sanzio Pimenta, o objetivo é produzir um livro com as plantas medicinais utilizadas pelos quilombos. “Os anciãos que participaram das entrevistas, a gente, na verdade, está ajudando eles a produzirem esse livro, que a gente pretende concluí-lo no começo do ano que vem e toda a renda de comercialização desse livro vai ficar nas próprias comunidades. Vai ser deles mesmo o lucro da venda desse livro. Além de, é claro, preservar o conhecimento ancestral que eles possuem. E nós aproveitamos, então, e fizemos atendimentos médicos, levamos profissionais muito capacitados e atendemos a população, prescrevemos receitas encaminhadas para atendimentos mais especializados, inclusive houve até alguns casos em que um perito médico está auxiliando na aposentadoria de algumas pessoas”, frisou.

O médico infectologista da UFT, Flávio Milagres, propõe um acompanhamento do ponto de vista da saúde da população quilombola integrado com os saberes e conhecimentos tradicionais com um foco prioritário para as plantas e ervas medicinais.

“Nós iniciamos esse projeto com essa visita, uma triagem, uma avaliação inicial para a população tentando verificar massa corpórea, condição nutricional, as queixas ou históricos de doenças pregressas. Foram feitas diversas atuações com relação às visitas para as idosas e as anciãs da comunidade. E nessas visitas foram ouvidas os relatos, as experiências com relação às plantas medicinais. Um grupo botânico visitou o campo, colheu algumas dessas plantas e há uma proposta de fazer um catálogo e um estudo científico com relação a elas. Esse produto vai gerar um livro da população quilombola, dessas anciãs, divulgando e ensinando o trabalho realizado por elas”, comentou o docente.

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