No Jalapão, o pequi é raiz, sustento e tradição

por Jornal Folha do Jalapao — 07/10/2025 às 10:30 — em Destaques, Geral

Fruto símbolo do Cerrado garante renda, sustenta tradições e atrai turistas nas comunidades do Jalapão

No coração do Tocantins, o Jalapão guarda não apenas paisagens exuberantes e fervedouros cristalinos, mas também um tesouro que nasce da terra seca do Cerrado: o pequi. Lá, o fruto tem uma presença marcante na vida das comunidades quilombolas e ribeirinhas, sendo parte da cultura, da mesa e da renda.

Durante os meses de outubro a dezembro, é comum ver famílias inteiras se mobilizando para a coleta do pequi. O fruto cai maduro dos pequizeiros nativos e é recolhido manualmente, com cuidado, antes de ser levado para o preparo da polpa, óleos e pratos típicos. “O pequi é uma bênção que a natureza dá todo ano. A gente aproveita tudo: a polpa, a castanha e até o caroço, que vira carvão ou artesanato”, conta dona Antônia, moradora da comunidade quilombola Mumbuca, berço do artesanato do capim-dourado.

Para muitas comunidades do Jalapão, o pequi é fonte de renda complementar. A venda da polpa e do óleo artesanal garante recursos importantes, especialmente para mulheres extrativistas que se organizam em cooperativas ou associações.

Além disso, o extrativismo do pequi é uma forma sustentável de gerar renda sem desmatar. A coleta respeita o tempo da natureza, e os pés de pequizeiro são valorizados como parte do modo de vida local. “A gente não derruba o Cerrado. A gente colhe o que ele nos dá, no tempo certo”, explica seu Raimundo, morador do povoado Prata.

Com o crescimento do turismo no Jalapão, o pequi também ganhou espaço nos roteiros gastronômicos. Guias locais e pousadas oferecem refeições típicas com o fruto, como o arroz com pequi, a galinha caipira e a farofa aromatizada. Turistas, encantados pelo sabor forte e a história por trás do alimento, ajudam a valorizar ainda mais o produto regional e impulsionar a economia das comunidades tradicionais.

Palmas

Em Palmas, não é raro ver moradores colhendo pequis diretamente dos pés espalhados pelas praças da cidade ou até mesmo em terrenos baldios. Enquanto uns catam para uso próprio — para preparar o famoso arroz com pequi ou vender polpas caseiras — outros veem nos frutos uma oportunidade de renda extra.

“Eu venho aqui todo ano, quando o pequi começa a cair. Dá pra tirar um bom dinheiro, principalmente se a safra for boa”, conta dona Marinalva Maria, moradora da região Sul de Palmas. Ela coleta, limpa e vende o fruto em potes nas feiras livres da cidade.

O pequi movimenta uma cadeia produtiva que envolve catadores, pequenos agricultores, feirantes e comerciantes. Em algumas comunidades, representa uma das principais fontes de renda no segundo semestre do ano.
Nos mercados e feiras livres da capital, o preço do fruto pode variar bastante, chegando a R$ 20,00 o litro em períodos de menor oferta. Além do consumo in natura, a polpa é usada na produção de óleos, conservas, temperos e até cosméticos, o que amplia ainda mais o valor agregado do fruto.

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