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Folha do Jalapão

SÃO FÉLIX: Tradições seculares da produção da rapadura são celebradas em festa no Povoado do Prata

Postado em 04/07/2022

As famílias pertencentes ao quilombo possuem o costume de produzir rapadura artesanalmente e de forma manual por meio da moagem da cana de açúcar. As celebrações da cultura local e de outros itens produzidos pelos quilombolas foram comemoradas em dois dias nas festividades do Prata

Uma tradição que se perpetua com o empenho de toda a comunidade em repassar para as futuras gerações um dos itens mais preciosos produzidos no Povoado do Prata, em São Félix: a rapadura. A fabricação da iguaria é celebrada na comunidade durante a Festa da Rapadura, quando uma vasta programação aberta ao público apresenta desde o processo de produção até a chegada ao produto final e sua exposição.

O evento foi realizado neste final de semana, nos dias 1º e 2 de julho, no povoado, organizado pela Prefeitura, em parceria com o Sebrae e Energisa, com o enfoque para a valorização dos principais elementos que envolvem a cultura dos moradores. Os quilombolas receberam turistas e visitantes para as demonstrações da cultura local.

Dentro da programação estiveram palestras, shows, encontros, momentos esportivos, apresentações culturais, entre muitos outros momentos. Iniciada na sexta-feira, 1º, durante todo o dia os visitantes puderam ver de perto a produção da iguaria e participar de rodas de conversa, além de prestigiar a exposição do artesanato e gastronomia local.

Tradição


A movimentação da moenda que produz o caldo inaugura o processo artesanal da produção do doce. O método de produção é centenário e utilizado até hoje pelo quilombola morador do Prata Salomão Rodrigues, 80 anos, que ao lado da esposa, Maria Francisca, 70 anos, ensinou aos nove filhos a técnica herdada pelos pais.

“Desde criança mexo e faço. Para mim é uma alegria produzir a rapadura, isso faz parte da minha história e enquanto eu tiver forças vou continuar fazendo. A festa é muito boa, foi o nosso amigo Eudoro Pedrosa que impulsionou e hoje é uma grande comemoração. Queremos que continue, pois é um momento muito importante para a comunidade”, disse seu Salomão, que durante a festa faz questão de demostrar aos visitantes como é realizado todo o processo.

No entorno do engenho e do forno, o cheiro forte da garapa cozida se espalha e é um convite para apreciar como é feito o trabalho e degustar o produto.

A presidente da Associação Comunitária Quilombola dos Extrativistas Artesãos e Pequenos Produtores do Povoado do Prata, Luzia Passos, disse que a comunidade estava com expectativa alta para a festa, porque foram dois anos sem o evento no quilombo. “Nunca tivemos um evento tão grande e nossa esperança é vender bastante até o último dia, porque nossa renda ficou prejudicada com a pandemia”.

Alegria


O prefeito de São Félix, Carlão, acompanhou a festividade e falou da alegria em poder voltar a realizar o evento que está em sua 8ª edição. “A primeira festa foi ainda em 2014 idealizada pelo saudoso Dr. Eudoro Pedrosa para fomentar o empreendedorismo na comunidade e chamar a atenção dos turistas para consumir os produtos locais, gerando renda para as famílias do Prata. Neste ano, temos a participação efetiva da prefeitura, juntamente com a parceria do Sebrae e da Energisa, como projeto Energia para Crescer, então temos uma festa em um formato diferente. Esperamos que a partir do próximo ano continuemos fazendo uma festa ainda melhor com os nossos parceiros”, comemorou o prefeito.

Anfitriã do evento, a primeira-dama Ivete Pereira é nativa do Povoado e falou da alegria e do orgulho em ver uma comunidade festejando unida. “Para mim esse evento é muito especial, pois representa as minhas raízes e as da minha família. Aqui no Prata todos somos uma só família, unida pelo bem e pela perpetuação das nossas tradições. Quero aqui parabenizar a todos os envolvidos, agradecer as parcerias e dizer que todos possam aproveitar bem a nossa festividade”, disse Ivete.

A superintendente de Turismo do Estado, Maria Antônia Valadares, frisou que a celebração tem uma grande representatividade em todo o Jalapão. “A festa da rapadura é um marco para a comunidade e seu desenvolvimento local, ainda mais com esse retorno do turismo e isso para os moradores é geração de renda dentro das tradições e dos seus costumes, e o turista quer viver isso, essa experiência de conhecer o povoado como ele é”, afirmou Antônia.

Parceria


O diretor de relações institucionais da Energisa, Alan Kardek Moreira, representou a empresa durante a festa. “Esse projeto é o ápice de todo o esforço que foi feito entre o Sebrae, Energisa e Prefeitura e ver o resultado desta festa nos enche de orgulho, pois percebemos que conseguimos fazer a diferença na vida não só da comunidade, mas dos empreendedores daqui. Então esse é o tipo de projeto que a Empresa vê com bons olhos e sempre apoiará”, afirmou o diretor.

A analista técnica do Sebrae, Admary Monteiro, explicou que o Projeto Energia para crescer envolve também as comunidades Mumbuca e Rio Novo. “Pretendemos que as pessoas dessa comunidade estejam inseridas no processo turístico do Jalapão, ou seja, que os moradores possam desenvolver o crescimento econômico local e isso ocorre por meio de várias ações, como capacitações, coleções de suvenires, implantação do sistema de produção da Embrapa, tudo para que o turista queira entrar nessas comunidades, com meios de alimentação e hospedagem, divulgando a rota quilombola do Jalapão, as pessoas daqui que têm histórias para contar”, apontou Admary.

Os vereadores e secretários municipais também tiveram participação no evento.

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